Muitos fumantes adiam ou melhor acabam usando como desculpa para não parar do vicio de fumar o aumento de peso causado após a interrupção do uso do cigarro. Isto é verdade?
Nós já vimos que muitas pessoas que param de fumar ganham peso enquanto outras não.
A grande maioria tem um ganho de peso. Em geral os que ganham mais peso são aqueles que tem tendência genética para o ganho de peso. Se a pessoa já era obesa antes do inicio do uso do cigarro, se tem parentes com ganho de peso, se tem mais de 30 anos é grande a chance de ganho de peso expressivo. Na minha experiência de consultório tenho notado um ganho de peso em torno de 10 a 15 kg. Este ganho de peso é em geral rápido e a maioria das pessoas crê que este ganho se dá pela substituição do cigarro pelo doce ou por beliscos, embora o tabagismo é geralmente uma forma diferente de gratificação oral.
Mas há outros fatores que ajudam no ganho de peso.
O tabagismo é uma doença consumptiva ou seja consome o corpo levando ao emagrecimento como a tuberculose, o câncer.
O tabaco diminui o apetite assim como “anestesia” o paladar. Assim quando o fumante para de fumar o paladar dos alimentos melhora, percebendo os alimentos como mais gostosos e tendo um aumento do apetite.
A síndrome de abstinência leva a um aumento da ansiedade e irritabilidade, sendo o excesso de comida um fator relaxante por aumento de endorfinas.
A nicotina aumenta o metabolismo com aumento da queima gordura e diminui massa muscular. Com a parada de fumar isto é corrigido.
Para evitar este ganho de peso o paciente deve procurar um endocrinologista antes de parar de fumar para iniciar um planejamento tanto para alimentação correta quanto para a atividade física.
A atividade física é uma aliada importante. A prática melhora a disposição e a sensação de bem-estar e, consequentemente, a vontade de parar de fumar, renovando a qualidade de vida do indivíduo. O curioso é que, nesses casos, o esporte funciona como um verdadeiro substituto do cigarro: diminui a ansiedade, faz perder peso, melhora a circulação do corpo, o metabolismo, a digestão, a expansão pulmonar, além de liberar endorfina, que dá prazer à pessoa. Além disso, o exercício físico colabora para uma noção maior de como se alimentar de maneira mais saudável e menos calórica. Isto associado a uma dieta balanceada com acompanhamento do estado nutricional através do inquérito alimentar ou avaliação nutricional por bioimpedância junto ao uso de medicações que ajudam a diminuir a ansiedade, assim como o apetite, são extremamente eficazes.
Medicações estas que não podem ser usadas durante a gestação, daí a importância do planejamento. Muitas pacientes param de fumar para engravidar. Este não é o melhor momento para parar de fumar. Pois além do ganho de peso por parar de fumar há o ganho de peso da gestação. Lógico que a solução não é continuar fumando durante a gravidez. O correto é planejar esta gravidez e que a parada do cigarro seja antes para que o organismo se reequilibre e se desintoxique, facilitando o uso da medicação como auxiliar do tratamento.
As medicações usadas para evitar o ganho excessivo de peso incluem anti depressivos, ansioliticos, moderadores de apetite ou sacietógenos ( aumentam a saciedade). Os medicamentos devem ser acompanhados pelo médico, nunca tomados sem receita devido aos riscos, como qualquer outra medicação.
Ou seja com planejamento e uma grande dose de boa vontade não tem mais porque continuar se agredindo. Mude de atitude. Pare de fumar já e viva mais feliz!!